08/05/2002
1º Festival Reggae Gerais! Confira!
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Olá amigos do Surforeggae, hoje estou aqui para contar como foi o 1º Reggae Gerais, um festival de reggae com 7 bandas da capital mineira que aconteceu no dia 26 de abril último, na casa Lapa Multishow, em Belo Horizonte - MG. Tomei conhecimento do evento pela internet (Massive Reggae), onde o maior divulgador do reggae em Minas Gerais, Leo Vidigal, fez a divulgação. Sem o apoio de ninguém, juntei as “merrecas” e decidi fazer a cobertura do evento por 3 motivos:

 Conferir a quantas anda o reggae mineiro, já que não há em Minas um circuito reggae, nem muitos eventos de reggae na capital, nem muitas bandas também;
Gravar entrevistas com as bandas e trazer cds delas para divulgar no meu programa na Rádio Universitária FM de Viçosa – MG (Reggae Resistência/ Quinta, das 20:00 às 22:00h);
Escrever essa matéria para o Surforeggae, a convite do Renato.

Decidi sair de Viçosa às 12:30h para chegar 17:00h em Belo Horizonte, onde o Leo Vidigal estava me esperando na rodoviária. No caminho para o local do evento, ele me passou um panorama de como está o reggae na capital e trocamos várias idéias de como trabalhar pelo desenvolvimento do reggae em Minas, projetos, idéias e ações... Passamos no correio para pegar o material do Mystical Roots que tinha chegado e na casa dele para pegar as pedras pra rolar na noite.
Chegamos por volta de 18:00h no local do evento, que estava marcado para começar às 21:30h. Como o Leo ainda tinha que dar aulas na faculdade, ele me deixou lá e partiu. O local ainda estava sendo preparado e estavam lá a moçada do Raíz de Jah, um bar temático de reggae que estava sendo montado.

Trocamos uma idéia e fui conferir a estrutura da casa. Tirei algumas fotos e a fome bateu. Quando estava saindo para procurar um PF, chega o pessoal da Cria Produções, organizadora do evento, que logo me reconheceram. Trocamos uma idéia, me passaram a credencial de acesso livre ao evento e me chamaram para ir para a casa deles para tomar um banho, rangar e esperar o horário de início. E foi o que fiz. Na espera, ainda assistimos pela tv o Berimbrown ao vivo no programa do Marcos Mignon na Bandeirantes (os caras detonaram, aproveito para mandar um abraço ao Mestre Negativo e a toda a banda).

Voltamos para o evento às 21:30h, onde o Leo já me aguardava para iniciarmos a discotecagem. Aí foram só pedras na galera: Don Carlos, Upsetters, Abyssinians, Barbara Jones, T T Ross, Black Uhuru, Isaacs, Gladiators, Marley, Tosh, Israel Vibration, Mystical Roots, Rasta Joint, Tin Tim Gomes, Edson Gomes, Don Luiz, Unidade Punho Forte, Jahcareggae, Afetos, Dionorina, Tribo de Jah... Toquei mais nacionais do que gringos, pois o Leo estava meio desatualizado e ele mandou mais os gringos. Tocamos até às 23:30h, quando começou a 1ª banda. A minha estratégia de ação foi a seguinte:

Tocar as pedras até o Leo apresentar as bandas (ele foi o apresentador da noite);
Tirar as fotos da banda no início do show (todos com duração de 25 min.);
Correr para o camarim para entrevistar a banda que tinha tocado antes;
Voltar para a discotecagem para o Leo apresentar a próxima atração.
E assim foi durante todo o evento. Acho que até perdi uns quilinhos, pois a mesa de som era no 2º andar de frente para o
palco, a pista no térreo e os camarins no 2º andar atrás do palco. Devo ter feito esse trajeto umas 20 vezes.
A partir de agora descrevo as bandas, baseado no show e na conversa que tive com elas:

23:30h: Banda Sítios


Formação: Vocal/ Violão e BVocal/ Guitarra/ Percussão, Flauta e Gaita.
Repertório: Dread Lion, Natiruts, Marley e 3 próprias.
Destaques: O percussionista, que tem o feeling do reggae e toca flauta transversa e gaita, e vocal com boa presença e bom inglês.
Intenções: Aprofundar mais no reggae, lançar uma demo-tape.
Comentários: Banda com 1 ano de existência, formada por moçada na faixa dos 16-18 anos, letras voltadas para a natureza, reggae acústico, faltou o baixo para costurar o som.

00:05h: Banda RaJah


Formação: Vocal e Guitarra/ Guitarra/ Baixo/ Teclado/ Bateria.
Repertório: Cover de Bob Marley, Natiruts, 2 próprias.
Destaques: Sem destaques.
Intenções: Continuar tocando covers até se entrosarem melhor com o reggae.
Comentários: Banda com 1 ano e meio de existência, formada por rapaziada de 18-21 anos, fazem um som redondo, estão começando bem.

00:40h: Banda Agbara


Formação: Vocal/ Guitarra/ Guitarra/ Baixo/ Bateria.
Repertório: Músicas próprias, 1 Camafeu.
Destaques: O vocal, com boa presença de palco e a guitarra pesada.
Intenções: Valorização da cultura negra, mesclar ritmos como reggae, soul, congado, Hip Hop, etc, lançar um cd em breve.
Comentários: A banda faz parte do movimento cultural de resistência negra Agbara Dundum na periferia de BH, bem conscientizados, já tem 5 anos de banda, a cozinha (baixo e bateria) tem uma pegada muito forte.

01:20h: Celso Moretti e Barraco de Aluguel


Formação: Vocal/ BVocal/ Guitarra e BVocal/ Guitarra e BVocal/ Teclado/ Baixo/ Bateria.
Repertório: Músicas do 1º e 2º disco.
Destaque: O próprio Moretti, figuraça.
Intenções: Retornar aos palcos, divulgar o novo cd, recém lançado, com a participação de Wilson Sideral, 2 grupos de Rap e produção de Juliano Mourão do Omeriah.
Comentários: Banda bem entrosada, músicas novas muito boas, músicos novos deram peso à banda, um dos melhores shows da noite.

02:00h: Banda Omeriah


Formação: Vocal e Percussão/ Guitarra e BVocal/ Baixo e BVocal/ Teclado/ Bateria.
Repertório: 4 do 1º disco, 2 Marley, 1 John Lennon.
Destaque: Juliano Mourão, que puxa a banda.
Intenções: Resgatar a personalidade perdida após o lançamento do 2º cd, voltar aos palcos.
Comentários: A banda passa por um processo de auto-conhecimento, ainda não se reencontrou após ter mudado de estilo para o pop e não ter dado certo. A banda está dispersa e ainda não flui a energia de antes, mas são bons músicos e bem intencionados.

02:40h: Keyroga e banda Kalimba


Formação: Vocal e Guitarra/ BVocal/ Baixo/ Bateria/ Sequencer de Sopros.
Repertório: 3 do 1º cd, 3 Marley.
Destaque: Michele Wilson, cantora experiente com mais de 20 anos de carreira, participação de Bulldog (Rasta Joint) no baixo em uma música, participação de Moacir Salvador (THC) na guitarra.
Intenções: Resistir as dificuldades encontradas em manter o seu trabalho vivo, lançar um novo cd no final do ano.
Comentários: Keyroga é o 1º regueiro de Minas Gerais, tem quase 15 anos no reggae e faz de tudo para manter seu som vivo. Teve um pouco de problema com o sequencer durante algumas músicas devido a participação de ultima hora de mais uma guitarra, deixando o clima às vezes tenso.

03:20h: Banda THC


Formação: Vocal/ BVocal/ Baixo e BVocal/ Guitarra/ Guitarra/ Percussão/ Bateria.
Repertório: Só músicas próprias, 1 Marley.
Destaque: Aidê, a vocalista da banda, que tem uma voz marcante, uma presença de palco excelente, e conduz a galera com maestria.
Intenção: Divulgar o seu trabalho, conseguir lançar um CD.
Comentários: Na minha opinião a melhor banda da noite, passam uma energia impressionante. Todos os músicos merecem atenção: Vocal líder feminino, BVocal masculino, Bateria “mão de pedra”, Baixo “a la George Fully”, Percussionista roots, Guitarra solo pesada e Guitarra base com “facão” em cima. No final convocaram todos os músicos do festival a subir no palco para cantarem juntos “Woman No Cry” de Marley, um momento especial.

Os show terminaram 04:30h e a discotecagem foi até às 05:00h. A galera não queria arredar pé e só foram embora porque cortaram o som, acenderam as luzes e começaram a varrer o local. Quando dei por mim já eram 05:15 e meu ônibus era às 05:30h. Saí correndo e peguei um táxi, não deu nem pra comer o cachorro quente que vendia na porta do evento. Cheguei na rodoviária o ônibus estava saindo, mas consegui pegá-lo. Sentei e só acordei em casa. Esse festival foi importante para chamar a atenção do público e da mídia de BH para o reggae, mas principalmente para as bandas, que quase não tem espaço para se apresentar.

Com isso, puderam viver um clima de festival, onde a troca de informação nos camarins é muito importante para o seu crescimento e amadurecimento, e para o fortalecimento do movimento reggae. Foi muito bom ver bandas novas surgindo, ver outra geração iniciando um trabalho no reggae, se influenciando pelas mensagens de Jah e de Marley, acreditando e vivendo isso. Foi bom também ver antigos regueiros se reerguendo, como o Omeriah, o Keyroga e o próprio Moretti, acreditando numa virada de página que o reggae está vivendo nos últimos anos. Bom também ver os produtores abrindo espaço para o reggae, acreditando no seu potencial. E o público também, que compareceu ao evento em grande número, com seus gorros, bandeiras, o astral leve e descontraído, dançando e se libertando ao som do reggae.

Lógico que aqui ainda estamos bem longe do ideal, mas tudo isso já é um indicativo do potencial que o reggae tem para desenvolver em Minas Gerais e no Brasil como um todo. Agora é continuar na luta, acreditando em um ideal comum que é o reggae e seus ensinamentos, cavando espaços em rádios, tvs, comunidades, casas de shows, lojas de discos, e fazendo a nossa parte, compondo músicas e letras compromissadas com o reggae, dando exemplos para os mais novos, impulsionando novas bandas, botando em prática os ensinamentos que o reggae nos dá.

Bem, encerro essa matéria na esperança de mostrar para o Brasil que o reggae mineiro está mais vivo do que nunca esteve, e com o sentimento de missão cumprida, pelo reggae e pelos irmãos de luta que merecem atenção pelo seu trabalho e por sua intenção. Deixo um abraço a todos os internautas do surforeggae e a todos os regueiros do Brasil, que acreditam na força transformadora do reggae e das palavras de Jah. Até a próxima!

AGRADECIMENTOS


P.S: Gostaria de agradecer as pessoas que me deram apoio nessa empreitada:
 Leo Vidigal, do Massive Reggae (unidos somos mais fortes que só);
Clebinho e moçada da Cria Produções (o bolão tava massa);
Rádio Universitária FM (Programa Reggae Resistência);
Site Surforeggae (obrigado pelas oportunidades e credibilidade);
Lapa Multishow (passe livre);
Keyroga, Moretti, THC e Juliano (somos todos irmãos);
A Jah, nosso Criador (pela oportunidade e pela missão cumprida).


Fonte: Thom “bulldog” Medeiros (Rasta Joint)








 
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