Hoje, dia 19 de março, lembramos que em 1980 - há 38 anos atrás - Bob Marley e outros astros do reggae fizeram uma visita ao Brasil, eternizando um momento de prazer do qual o rei era devoto confesso: O futebol.
Bob Marley esteve no Brasil em apenas uma ocasião, em março de 1980, quando visitou o país ao lado de Junior Marvin (guitarrista dos Wailers), Jacob Miller vocalista do Inner Circle), Chris Blackwell (diretor da Island Records) e a esposa Blackwell, para participar da festa que inaugurou as atividades do selo alemão Ariola no país. A Island, gravadora original dos Wailers, era então um selo da Ariola.
![](imagens/bob-chico05.jpg) (Bob Marley, um peladeiro dos bons)
Bob interrompeu as sessões de gravação que resultariam no álbum ‘Uprising’ para vir ao Brasil. Na descida em Manaus, para reabastecimento, o jato particular que transportava Bob e seu grupo ficou retido por algumas horas. O governo militar certamente não estava vendo com bons olhos a vinda daquela comitiva enfumaçada.
Depois de alguma negociação as autoridades acabaram cedendo, mas sem liberar vistos de trabalho, o que desestimulou os que pensaram em improvisar uma apresentação deles em solo brasileiro. Depois ainda desceram em Brasília e rapidamente decolaram em direção ao Rio de Janeiro.
![](imagens/bob-chico01.jpg) (Bob Marley no Copacabana Palace)
Chegaram no aeroporto Santos Dumont às 18h30 do dia 18 de março, terça-feira, diante de grande euforia de repórteres que visavam o então conhecido autor de “No Woman No Cry”, que já havia vendido 500 mil cópias na versão de Gilberto Gil em terras tupiniquins. Suas primeiras declarações foram sobre a música brasileira:
O samba e o reggae são a mesma coisa, tem o mesmo sentimento das raízes africanas...” - e disse também que Jah era como o nosso Deus, pois pouca gente O conhece. O grupo se hospedou no Copacabana Palace.
No dia seguinte pela manhã, 19 de março, eles trataram de dar algumas voltas pela Cidade Maravilhosa e fizeram questão de conhecer a favela da Rocinha, que acharam bastante parecida com os guetos da Jamaica. Como não haviam trazido um cozinheiro para Ihes preparar a comida I-tal – cozinha natural seguida pelos rastafaris – Bob, Junior e Jacob só se alimentaram com sucos de frutas. Segundo um acompanhante brasileiro, cada um bebeu quinze copos de suco e Bob gostou mais dos de manga e maracujá.
Depois os três partiram para as compras e percorreram as lojas de material esportivo atrás de uniformes e outros equipamentos. Os instrumentos musicais também não foram esquecidos e os três rastas levaram violões, maracas, atabaques e cuícas. Os artigos esportivos tiveram a sua estreia no famoso jogo no campo de Chico Buarque.
![](imagens/bob-chico02.jpg) (Bob chegando no campo de Chico Buarque, no Recreio dos Bandeirantes)
Às 16h00 do dia 19 de março de 1980 no km 18 da Avenida Sernambetiba – três horas atrasados – os jamaicanos chegam ao reduto peladeiro de Chico Buarque, onde funcionários da Ariola jogavam animadamente contra alguns dos contratados da gravadora no Brasil, como o anfitrião Chico Buarque, Toquinho, Alceu Valença e outros. Os times foram rapidamente rearrumados e ficaram assim:
![](imagens/bob-chico03.jpg) (Formação do time de Bob Marley)
De um lado, Bob Marley, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho, Chico e Jacob Miller, e do outro Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge – ainda Ben) e mais quatro funcionários da gravadora. Antes de começar o jogo, Bob ganhou uma camisa 10 do Santos e sorriu, dizendo “Pelé”, para depois explicar que jogava em qualquer posição. Mas ele foi mesmo para o ataque e o placar foi de 3 a 0 para o seu time, com gols dele, de Chico e de Paulo César.
![](imagens/bob-chico04.jpg) (Da esquerda para à direita em pé: Junior Marvin, Toquinho e João Luiz Albuquerque. Em baixo, Jacob Miller, Chico Buarque, Paulo César Cajú e Bob Marley.)
Paulo César Cajú - que jogou na copa de 70 - foi o mais festejado por Bob, que lhe disse: “Sou fã de seu futebol”, ao que Paulo César respondeu, “E eu, de sua música”. Bob lembrou o campeonato mundial que marcou a ilha do reggae:
Rivelino, Jairzinho, Pelé… o Brasil é o meu time. A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil”.
DEPOIS DO FUTEBOL, A FESTA Após o bate-bola com os amigos brasileiros, o grupo ruma ao principal motivo da vinda ao Brasil; participar da festa que inaugurou as atividades do selo alemão Ariola no país. A festa no alto do Morro da Urca e teve mais de 1000 convidados e penetras, com direito a engolidor de fogo, cartomante e fogos de artifício. Bob Marley chegou com os amigos às 22h00, e foi logo para um camarote.
Depois dos discursos dos diretores da gravadora ele se afastou para assistir a apresentação de Moraes Moreira, que começou à meia noite e fez a pista de dança encher. A agitação foi tanta que Bob deve ter percebido o significado da expressão “Rio Babilônia”.
A esperança geral era de que ele desse uma canja. Moraes chamou Baby no palco para cantar a sua versão e talvez fazer Bob se decidir. Mas nessa hora ele já estava se levantando e arrastando repórteres, fotógrafos e curiosos à sua passagem, falando com os jornalistas enquanto se encaminhava para o bondinho.
No último dia de estadia no país, Bob participou de uma coletiva de imprensa onde declarou que os músicos devem ser porta-vozes para as massas oprimidas. Para ele a responsabilidade é ainda maior devido às suas crenças religiosas. A filosofia do reggae explica tudo isso. O reggae se propagou a partir dos guetos, e tem sido sempre fiel à suas origens, trazendo ao mundo uma mensagem de revolta, protesto e luta pelos direitos humanos.
Sempre muito solícito, e sem nenhuma demonstração de estrelismo, cumpriu sua agenda e voltou pra casa carregado de instrumentos percussivos brasileiros. No avião, voltando para a Jamaica, Bob ainda compôs, inspirado no samba, a música "Could You Be Loved", um clássico com raízes brasileiras. É possível inclusive ouvir a cuíca soando na introdução da música. Sobre os brasileiros ele disse:
É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo e feeling, não só no andar, mas no falar e no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer uma de suas manifestações”.
Fonte: Leo Vidigal / Surforeggae
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