31/07/2017
Surforeggae entrevista Edu Sattajah! Baixista representa o Brasil ao lado de lendas do Reggae!
 
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Entrevistamos um dos baixistas mais atuantes e em maior evidência do cenário reggae nacional, e que aumenta cada vez mais sua representatividade internacional com projetos que ele mesmo mobiliza, participações em diversas outras produções e a já conhecida Leões de Israel, que de longa data é a banda de apoio para artistas internacionais mais competente do Brasil.

Saiba mais sobre os projetos, influências e o que anda rolando na vida deste grande artista brasileiro.

A ENTREVISTA


Quando foi o seu primeiro contato com o reggae e como músico que estilos mais te atraem além obviamente do ritmo jamaicano?
Edu Sattajah: Meu primeiro contato com o reggae foi por volta de 1991 quando eu ouvi de uma vez só os discos Brutal do Black Uhuru e Paint it Red do Mighty Diamonds. O Brutal me deixou totalmente surpreso e eu me perguntava “Caramba, o que é isso, que som é esse?" Minha formação musical vem desde cedo.

Minha mãe é cantora, minhas irmãs e meu pai, pianistas. Comecei a estudar com 4 anos de idade na escola do Zimbo Trio. Em casa a gente sempre ouviu muita MPB, Jazz e música instrumental, eu acompanhava minha mãe nos bares quando ela cantava e nos fins de semana sempre tinha música na casa dos amigos.




Como se deu a formação da Leões de Israel e em que momento vocês passaram a se tornar requisitados para acompanhar artistas internacionais?
Edu Sattajah: Eu conheci o Solano Jacob no Kva quando frequentávamos o Sarau nas sextas e domingos. Solano sempre dava uma canja e cantava algumas canções do Bob Marley. Um dia conversamos e disse a ele que queria formar uma banda, ele topou a ideia e começamos o projeto Leões de Israel.

Você já tocou com grandes nomes como Gregory Isaacs, Max Romeo, The Abyssinians, Marcia Griffiths, Eek-a-Mouse, Clinton Fearon e Johnny Clarke. Cite pelo menos três momentos que você guarda ao lado de algumas dessas feras.
Edu Sattajah: O Gregory virou o nosso padrinho. Um dos momentos que eu guardo foi quando passamos o aniversário dele em São Luís em que ele estava extremamente feliz e quando nos encontramos em Kingston no festival Rebel Salute. Com Abyssinians, pela postura e juventude do Donald Manning que apesar de seus 78 anos exala ótima saúde e amor pela vida. Marcia Griffiths também tem a energia de uma adolescente. Artista de verdade.

Qual foi a maior glória da sua carreira até então? Você já pensou em desistir?
Edu Sattajah: Todas as vezes que pensava em desistir algo bom acontecia pra mostrar que estava no caminho certo. Na verdade penso que o caminho é sempre recheado de glórias. Já consegui algumas como tocar na Jamaica e fazer turnês com diversos artistas os quais cresci ouvindo. Hoje me comunico diretamente com esses e outros artistas internacionais, consegui o respeito por parte deles e isso não há dinheiro que pague.




Você também sempre demonstrou interesse por DUB e produziu alguns álbuns solo e inclusive um disco com Style Scott, um dos maiores bateristas de todos os tempos do reggae. Você acha que o público brasileiro está preparado para consumir mais esse estilo?
Edu Sattajah: Sempre me interessei por música instrumental e o Dub. O Dub está crescendo bastante em São Paulo junto com os sound systems e o consumo de discos dos gênero cresceu junto. É um mercado em ascensão.

Se você pudesse escolher três artistas que ainda não acompanhou quem seriam e por que?
Edu Sattajah: Burning Spear, Toots e Mighty Diamonds. Pelo simples fato de eu ser muito fã do trabalho deles. Difícil, porém nada é impossível.

Recentemente você foi convidado para tocar ao lado de lendas como Brinsley Forde (Aswad), Denis Bovell (Matumbi e LKJ) e Matic Horns. Como surgiu o convite?
Edu Sattajah: Recebi um e-mail em novembro de 2016 perguntando se estava disponível para uma turnê em janeiro na América do Sul com esses artistas. Fizemos esses shows e desses shows surgiu o convite para vir a Londres.

Você está montando um estúdio em Londres. Nos fale um pouco sobre o projeto e sobre as diferenças entre o movimento reggae na Inglaterra e no Brasil.
Edu Sattajah: Montei um estúdio junto com Johan Perez chamado Dub Natty. Ja começamos a produzir. Mixei aqui o próximo álbum do Leões de Israel e produzi versões dub da banda Madda Kalli da Argentina da banda Veja Luz de SP e algumas bandas da Europa.

Como um músico mais experiente, você poderia dar algum conselho a quem pretende seguir carreira e tocar reggae?
Edu Sattajah: O conselho que eu dou é estudar, estudar e estudar. Quer cantar? Estude canto, quer tocar teclado? Estude piano. Se você já tem um talento, busque saber como usar esse talento da melhor forma para melhorar cada dia mais.




Apure os ouvidos, busque a qualidade do seu som, conheça os equipamentos, conheça os músicos, conheça a linguagem do som que você quer tocar, aguce a sensibilidade e nunca deixe o lado humano e o amor pelo que faz em segundo plano. Tenha foco e siga a intuição.

Quais os seus planos a curto e médio prazo como músico?
Edu Sattajah: A curto prazo quero dar sequência aos meus trabalhos no estúdio e aos shows. A médio prazo quero alcançar a qualidade que almejo no meu trabalho e assim produzir artistas e instrumentistas novos pelo mundo.

Há algo novo previsto a ser lançado pela Leões de Israel?
Edu Sattajah: Estamos finalizando o projeto do Leões de reggae para crianças, o Reggae Little Lions. Mixei e masterizei aqui em Londres e creio que até outubro ele já está dando as caras por aí. Ano que vem já temos uma ideia para o próximo autoral.

O que você acha que falta para bandas brasileiras conseguirem sair mais para o mercado internacional?
Edu Sattajah: Pelo que percebi aqui na Inglaterra a barreira da língua atrapalha um pouco. Aqui eles não conhecem quase nenhuma banda do Brasil. Facilitaria se as bandas conhecessem mais o mercado de fora caso queiram se aventurar por outros países.

Qual o seu baixista favorito no reggae?
Edu Sattajah: Sem dúvidas Robbie Shakespeare. Mas não posso deixar de falar de outras influências como Family man, Dennis Bovell, Flabba Holt, Jackie Jackson, Boris Gardiner, Tony Gad, Chris Meredith, Keith Francis, Lloyd Parks, Lloyd Brevett, Devon Bradshaw, Leroy Sibbles, Richard Daley, Tony Lewis, Ian Lewis.

Obrigado pela entrevista. Desejamos sucesso e vida longa. O espaço é seu para deixar uma mensagem ao público.
Edu Sattajah: Obrigado aos amigos do Surforeggae pela oportunidade e gostaria de agradecer às pessoas que sempre me deram suporte e carinho durante esses anos. Sempre em frente! Blessings!

Fotos: Duda Morais


Fonte: Rafael Surforeggae





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